Dia da Caatinga: Seminário debate políticas públicas para um bioma sustentável com abertura da ministra Marina Silva

Evento promovido pelo PRS-Caatinga entregará uma carta com recomendações para a Administração Pública Federal

O Projeto Rural Sustentável-Caatinga e a Reserva da Biosfera da Caatinga promovem, no dia 28 de abril, Dia da Caatinga, às 10h, o seminário on-line “Políticas Públicas para uma Caatinga Sustentável”. O evento terá como debatedores especialistas e autoridades no tema, com abertura da ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, e da secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária, Renata Bueno Miranda. A transmissão do seminário será realizada pelo canal YouTube da TV Caatinga.

O evento será composto por três mesas redondas que irão debater as políticas públicas e agendas programáticas necessárias para o desenvolvimento sustentável do bioma, levando em consideração as mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade, o combate à desertificação e a necessidade de promover a segurança alimentar, hídrica e energética do semiárido. Ao final do seminário será apresentada uma carta com recomendações para a Administração Pública Federal. O documento será enviado para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Ministério da Agricultura e Pecuária e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Alecksandra Vieira de Lacerda, vice-presidente do Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga, destaca que o seminário colabora para construir novas visões sobre o bioma, com desdobramentos em estratégias inovadoras.

- A proposta do evento em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga é proporcionar uma visualização do bioma sobre o prisma das potencialidades. E dentro dessa construção de um debate por múltiplos atores, visualizar as metas estratégicas que fortaleçam uma nova relação com o bioma. São desafios que se colocam na pauta atual e que demandam uma nova leitura - integrada com as dimensões ambientais, sociais e econômicas. O nosso desafio maior é promover o desenvolvimento e traçar as rotas de conservação dos marcadores naturais, incluindo os serviços ecossistêmicos -, comentou Alecksandra.

Em contribuição a essas demandas, o diretor do Projeto Rural Sustentável Caatinga, Pedro Leitão, explica que o Projeto está promovendo a adoção da agricultura de baixo carbono em cinco estados nordestinos. E enfatiza a necessidade de políticas que articulem a produção sustentável de alimentos com a ampliação de mercados para os produtos de uma agricultura familiar sustentável.

- Somos pioneiros em levar o debate da agenda climática para os pequenos produtores, oferecendo a esse público uma assistência técnica qualificada em Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono. Além disso, estamos investindo no fortalecimento de cooperativas que comercializam produtos genuínos da Caatinga. A partir dessa experiência, queremos contribuir para a construção de políticas coordenadas e transversais que articulem a questão ambiental com os âmbitos sociais e econômicos. Estamos trabalhando para tornar a agricultura de baixo carbono um diferencial da agricultura familiar e de seus produtos -, detalhou Leitão.

PROGRAMAÇÃO

Abertura:

Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima

 

Necessidades de políticas para promover a potência ambiental, florestal e agrícola da Caatinga

  • Carlos Veras, Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores, Pernambuco
  • Alecksandra Vieira de Lacerda, Professora da Universidade Federal de Campina Grande - Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido
  • Pedro Leitão, Diretor do PRS Caatinga

 

Iniciativas para o desenvolvimento sustentável da Caatinga

  • Mauro Pires, Secretário Adjunto do MMA
  • Alexandre Pires, Diretor do Departamento de Combate à Desertificação do MMA
  • Francisco Bezerra, Jornalista e Presidente do Instituto Nordeste 21

 

Ações para a agricultura de baixo carbono na Caatinga

  • Lucia Marisy, Vice-Reitora da Universidade Vale do Rio São Francisco e Professora do Mestrado em Extensão Rural e Doutorado em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial
  • Salete De Moraes, Pesquisadora A em Sistemas Sustentáveis de Produção Animal da Embrapa Semiárido
  • Gustavo Bediagra, Analista Ambiental, Ibama- Brasília/DF
  • Francisco Campello, Presidente do Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga e Coordenador Regional Projeto Rural Sustentável Caatinga

 

Encerramento: Apresentação de carta aberta com recomendações para a Administração Pública Federal

 

Sobre o PRS Caatinga - O Projeto Rural Sustentável Caatinga é uma iniciativa financiada pelo Fundo Internacional para o Clima do Governo do Reino Unido, em cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tendo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) como beneficiário institucional. A execução do PRS Caatinga é realizada pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). Mais informações em: www.prscaatinga.org.br

Sobre a Reserva da Biosfera da Caatinga - A Reserva da Biosfera da Caatinga (RBCA) foi criada em 2001 após o reconhecimento pela UNESCO como área territorial representativa de valiosos ecossistemas terrestres, marinhos e costeiros. Atualmente, abrange uma área de 190 mil km2 espalhados em dez estados brasileiros. A  Reserva da Biosfera da Caatinga se constitui como instrumento de gestão integrada e participativa dos territórios, visando garantir a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável de modo a harmonizar a relação do ser humano com a Natureza e  proporcionar a melhoria da qualidade de vida. Mais informações em: https://reservasdabiosfera.org.br/reserva/rb-caatinga/

SERVIÇO

Seminário Políticas Públicas para uma Caatinga Sustentável

Dia 28/abril, das 10h

Transmissão on-line pela TV Caatinga - https://bit.ly/dia_da_caatinga

 

INFORMAÇÕES para IMPRENSA

Patrícia Lyra

E-mail: patricia.lyra.fonseca@gmail.com

Telefone: +55 81 9938-6230

Patrisia Ciancio

E-mail: zizaciancio@gmail.com

Tel. 55 21 98656-2877


1st Caatinga Bioeconomy Business Forum - highlighting the importance of farmers to ensure food security and tackle climate change

Debate brought together representatives from MAPA, Embrapa and Univasf ­- public organizations in Brazil

Promoted by Low Carbon Agriculture – Caatinga Project, the 1st Caatinga Bioeconomy Business Forum, held on March 14, brought together representatives from the Federal University of the São Francisco Valley (Univasf), the Ministry of Agriculture and Livestock (MAPA) and the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa). At the event, participants spoke about the global need to face the challenges of food security and reduce the impacts caused by climate change – selecting, in this scenario, of the contributions of the Caatinga biome.

Pedro Leitão, Director of PRS-Caatinga

“How can we  contribute to ensure food security for 9 billion people 30 years from now? How can the Caatinga biome help the climate agenda? How do cooperatives deal with the possibility of bringing low-carbon products to market?”. These were some questions asked by Pedro Leitão, director of PRS-Caatinga and mediator of the first panel, to initiate the debate on business opportunities for small producers based on bioeconomy.

The bioeconomy deals with the sustainable use of natural resources and has been consolidating itself as a strategy to face climate change and the global challenges of the United Nations Organization’s 2030 Agenda . The event included relevant themes, such as: managing the use of land to have less environmental impacts, conservation of biodiversity, income promotion and generation of work and livelihood improvement.

The debate  fomented the exchange of ideas and experiences of specialists who work directly with the Caatinga biome, thus knowing its reality and particularities. Paulo Eduardo de Melo, director of AgroNordeste, from MAPA, emphasized in his speech the concern with the small producer’s economic sustainability . The Ministry is the main  beneficiary of the technical cooperation agreement between the Brazilian and UK governments.

The AgroNordeste policies aims to value the biodiversity and the regional products, which I particularly call "product identity". For instance, you can't get honey from the Caatinga biome, if the flowers are not located in this biome. It is very important that we make the biodiversity a conservation through its sustainable use. We want to develop sustainable productive systems, using the biodiversity and the available technologies", said Melo.

 

Anderson Sevilha, from the Project Bem Diverso

The national coordinator of the Bem Diverso Project and researcher at Embrapa Genetic Resources and Biotechnology, Anderson Sevilha, highlighted the importance of this event and how the persistence and resilience of the small producers are important to the biome.

Sevilha drew attention to the size of the challenge for cooperatives to access markets. “Producers and cooperatives are responsible for the whole supply chain processes that, in a normal trajectory of a company, would have a large organization behind it to  take care of the production system, logistics, production training, identification of market needs, commercialization , economic management with sustainable models, and also taking care of the business, accounting, administrative and people management itself.

Technologies and training must be at the service of family farmers

 The farmers must manage, conserve and restore ecosystems to continue producing. However, it is necessary to make technologies and continuing education available, from agricultural schools to training in Technical Assistance and Rural Extension, commented the Embrapa specialist. “It is necessary to bring traditional knowledge to the same level as scientific knowledge. There are many solutions, but we need to identify and resolve obstacles to end the hunger of more than 33 million people  and bring food security to around 100 million people, as Brazil has lots of resources and wealth within its biomes,” he said.

 

Teacher Lucia Marisy, from UNIVASF

As a hook for this speech, the permanent professor of the Graduate Program in Agroecology and Territorial Development (PPGADT) at Univasf, Lucia Marisy, detailed that the institution's activities are focused on continued work, investment in Education, Social, Health and Food Security as mechanisms to combat poverty and hunger.

– All of this is linked to climate change. We are gradually establishing models that can serve as a research field, such as Sisteminha Embrapa, which works on the product model.

 


I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga aponta caminhos e novas oportunidades para cooperativas da agricultura familiar

PRS-Caatinga debate negócios para o setor e constrói planos estratégicos para sete cooperativas

Por prscaatinga.org.br

O Projeto Rural Sustentável Caatinga promove no dia 14 de março o I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga, que será realizado presencialmente na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e terá transmissão ao vivo pela TV Caatinga.

O evento compartilha as experiências de cooperativas da agricultura familiar da Caatinga no desafio de diversificar as oportunidades de negócios, melhorar a comercialização e ampliar mercados tendo como principal diferencial a adoção de Tecnologias Agrićolas de Baixo Carbono. São Arranjos Produtivos Locais que trabalham com o lema "produzir para conservar" e "conservar para produzir". No local, haverá exposição de produtos genuínos da Caatinga produzidos por cooperativas apoiadas pelo PRS Caatinga.

A programação conta com a presença de autoridades, pesquisadores, investidores, cooperativas, agricultores familiares, lideranças regionais e de Arranjos Produtivos Locais já consolidados e apoiados pelo PRS Caatinga que irão compartilhar suas experiências no beneficiamento e comercialização do licuri, apicultura, caprinovinocultura e sistemas agroecológicos.

 

PRS-Caatinga desenvolve planos estratégicos para sete organizações

Logo após o Fórum, o PRS-Caatinga promove um workshop para construção de planos estratégicos, com a facilitação da Conexsus, para sete organizações parceiras do Projeto dos estados de Pernambuco, Piauí, Alagoas e Bahia. A ideia é apontar soluções para novas oportunidades de negócio na Caatinga com soluções sustentáveis e eficiência produtiva, valorizando o tripé segurança alimentar, conservação da biodiversidade e baixo carbono. A Bioeconomia é um modelo econômico baseado no uso sustentável de recursos naturais, que vem se consolidando como uma estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas e os desafios globais da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas - ONU.

"Vamos fazer uma abordagem com as cooperativas identificando necessidades e gargalos para criar um plano de trabalho, entendendo demandas de investimento, produção, capacidade produtiva, e comercialização. Será uma construção colaborativa. Entre março e abril faremos um acompanhamento, com visitas a cada uma das cooperativas, para o planejamento de longo prazo e o futuro com o PRS Caatinga", ressaltou Luciana Villa Nova, que coordena essa linha de ação do Projeto.

Participam do workshop pelo PRS Caatinga com o objetivo de elaboração dos planos estratégicos, a Associação Regional dos Grupos Solidários de Geração de Renda (ARESOL) e a a Associação Comunitária Terra Sertaneja (ACOTERRA), a Cooperativa SER DO SERTÃO; Associação dos/as Agricultores/as Familiares da Serra dos Paus Dóias (AGRODÓIA), , o Centro de Estudos Ligados à Técnicas Alternativas (CELTA), a Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (COMAPI) e a Associação de Reposição Florestal do Estado do Piauí (PIAUIFLORA). Também estarão envolvidas outras cooperativas e associações parceiras, que fazem parte de sua rede de apoio e comercialização e estarão envolvidas na elaboração dos planos estratégicos.

Bioeconomia da Caatinga: “o Sertão vai virar mar” de oportunidades

A bioeconomia tem potencial para utilizar e aprimorar toda a multifuncionalidade da agricultura e produção de bens naturais em prol da indústria de alimentos, fibra, energia, prestação de serviços ambientais e ecossistêmicos, química verde e novos insumos.

- A sociobioeconomia valoriza as pessoas que têm relação com a natureza. O Fórum vem reconhecer povos tradicionais, produtores rurais e promover o engajamento dessas populações. Queremos juntar saberes de diferentes atores. A Caatinga é também um bioma relevante para estudar as mudanças climáticas globais. Por isso, é importante ressaltar a agricultura regenerativa e sua conexão com a floresta nativa. E o fomento à agricultura familiar trazendo inclusão social e aumento de renda para as famílias. No evento, iremos também dialogar com os produtores, entender os seus sonhos e perceber aonde eles querem chegar. E verificar quais as suas necessidades para apoiá-los em seus planos de trabalho -, enfatizou Pedro Leitão, diretor do PRS Caatinga.

"Queremos criar oportunidades para o agricultor familiar se inserir em mercados emergentes que valorizam cada vez mais a sustentabilidade. A produção de alimentos típicos da Caatinga a partir de princípios agroecológicos já é uma realidade para muitos pequenos produtores do semiárido. Agora, com a adoção das tecnologias de baixo carbono, queremos agregar valor a esses produtos, abrindo novas oportunidades de negócio para os agricultores familiares", complementou Luciana Villa Nova.

O Projeto Rural Sustentável Caatinga é uma iniciativa financiada pelo Fundo Internacional para o Clima do Governo do Reino Unido, em cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tendo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) como beneficiário institucional. A execução do PRS Caatinga é realizada pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). Mais informações em: www.prscaatinga.org.br

SERVIÇO

I Fórum de Negócios da Sociobioeconomia da Caatinga

Evento presencial com transmissão on-line

Espaço Plural, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Juazeiro, Bahia

Inscrições: http://bit.ly/3miPwzJ

Transmissão ao vivo pela TV Caatinga: bit.ly/3yl2WOc

 

INFORMAÇÕES PARA IMPRENSA

  • Patrícia Lyra
  • E-mail: patricia.lyra.fonseca@gmail.com
  • Telefone: +55 81 9938-6230

 

  • Patrícia Ciancio
  • E-mail: zizaciancio@gmail.com
  • Tel. 55 21 98656-2877

Dia Nacional da Caatinga: “Produzir para conservar. Conservar para produzir”

Convidados especiais enriqueceram o debate com reflexões sobre o processo histórico e o futuro do bioma

Com o tema “Produzir para conservar. Conservar para produzir”, o PRS-Caatinga, que compõe o Programa Rural Sustentável, promoveu no Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril, um debate online sobre atividades que historicamente foram entendidas como oponentes: produzir e conservar. No entanto, na realidade são ações complementares, e se articuladas em conjunto, podem ser muito produtivas, atendendo às necessidades da região e das gerações futuras.

Além da participação de lideranças do Projeto, levaram ao evento reflexões sobre o processo histórico e o futuro da Caatinga os convidados José Carlos Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente, e Bráulio Ferreira de Souza Dias, ex-secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). O debate foi transmitido pela TV Caatinga.

– No Brasil criou-se uma falsa contradição entre ruralistas e ambientalistas, como se fossem questões antagônicas. Como se não fosse possível produzir conservando e conservar produzindo. No nosso processo histórico, a ocupação territorial se deu com supressão da cobertura vegetal. Então, no fulcro de todas as questões que o Brasil discute ainda hoje em relação à conservação florestal, estão relacionadas sobretudo às práticas predatórias de uso da terra, que vêm da Colonização, passaram pelo Império e entraram na República -, detalhou Carvalho.

Com os pés na perspectiva histórica, Carvalho também direcionou o olhar para o futuro afirmando que o desafio agora é criar políticas públicas que desenvolvam oportunidades para uso sustentável das florestas. “Temos na Caatinga o maior potencial de regeneração natural. Seria o bioma mais fácil para se praticar a sustentabilidade. Mas a visão de comando e controle impede de autorizar projetos de manejo na Caatinga. Temos ciência, temos tecnologia, não podemos continuar em um modelo que cria barreiras”, disparou o especialista.

“O Brasil nunca teve uma política de desenvolvimento florestal”

O especialista Bráulio Ferreira, um dos autores do livro “Estratégias de adaptação às mudanças do clima dos sistemas agropecuários brasileiros”, complementou a crítica de Carvalho dizendo que “o Brasil nunca teve uma política de desenvolvimento florestal”. Segundo Ferreira, a tradição pelo modelo ‘comando, controle e proibição’ vigora até os dias de hoje, enquanto deveriam ser criados incentivos para a exploração sustentável dos recursos naturais. E ainda acrescentou:

– Estamos na Década de Restauração de Ecossistemas, da ONU. Os recursos naturais da Caatinga devem ser vistos como uma solução. A sua regeneração é benéfica porque aumenta a retenção de água, melhorando o clima local. Não nos falta informação científica, mas programas públicos para incentivar o uso das tecnologias. Precisamos nos atentar, pois a Caatinga tem um potencial muito grande, mas também riscos muito grandes. Os impactos ambientais na Caatinga vão ocasionar riscos sociais e econômicos imensos -, alertou.

Agricultor familiar é parte da solução das questões climáticas

O debate teve mediação do coordenador regional do PRS-Caatinga, Francisco Campello, que chamou atenção sobre o papel do agricultor familiar; e do diretor Pedro Leitão, que falou sobre as estratégias para fomentar a adoção de Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono (TecABC) no semiárido. Leitão citou o Programa de Capacitação, realizado pelo Projeto em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), e o apoio para fortalecimento de 20 Arranjos Produtivos Locais Sustentáveis em cinco estados do Nordeste.

– O PRS-Caatinga está promovendo um diálogo entre as tecnologias sociais de convivência com o semiárido e as tecnologias agrícolas de baixo carbono. Existem muitas oportunidades nesse campo, como o pagamento por serviços ambientais, por carbono evitado. É um mercado em potencial. Não se quer uma visão da Caatinga triste e estereotipada, mas uma visão realista, pois tem problemas, mas também há soluções. E temos uma resposta muito positiva das populações quanto ao que estamos desenvolvendo nos estados -, disse Leitão enfatizando que o próximo nível de diálogo será entre as TecABC e a bioeconomia ou economia ecológica.

Sobre o Programa Rural Sustentável

Presente em 252 municípios brasileiros, cerca de 21% do território brasileiro, somos financiados pela Cooperação Técnica aprovada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com recursos do Financiamento Internacional para o Clima (ICF) do Governo do Reino Unido, tendo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como beneficiário institucional. Atuamos nos biomas Cerrado e Amazônia, executado e administrado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), e no bioma Caatinga, executado e administrado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). Na primeira fase do Programa, desenvolvemos trabalhos nos biomas Amazônia e Mata Atlântica.

 

* Texto publicado originalmente pelo PRS - Caatinga


PRS-Caatinga e Univasf certificam 375 extensionistas em Tecnologias de Baixo Carbono

Representantes do Governo do Reino Unido, BID e MAPA prestigiaram a formatura dos novos profissionais na Caatinga

O futuro de uma Caatinga mais sustentável, com a prática de uma agricultura regenerativa e inclusiva, está mais próximo com a certificação de 375 profissionais como extensionistas rurais, capacitados pelo curso “Tecnologias Agrícolas de Baixa Emissão de Carbono Fortalecendo a Convivência com o Semiárido”. A formação foi promovida pelo Projeto Rural Sustentável Caatinga, executado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A cerimônia de formatura aconteceu no dia 6 de abril, em formato híbrido, com transmissão pela TV Caatinga, e nas primeiras 24h alcançou mais de 800 visualizações.

O evento, que certificou alunos nas modalidades Capacitação e Aperfeiçoamento, foi prestigiado pelos principais apoiadores do PRS Caatinga. Na ocasião, representantes do Governo do Reino Unido, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) falaram sobre a importância da qualificação de profissionais de assistência técnica, especialmente daqueles que atuarão em 20 propostas apoiadas pelo PRS Caatinga, beneficiando diretamente 5.500 agricultores familiares. Em maio, outros 300 profissionais serão certificados, na modalidade Especialização.

 

MAPA: Capacitação está alinhada a tecnologias difundidas pelo Plano ABC+

Fabiana Alves, diretora de Produção Sustentável e Irrigação do MAPA, destacou a importância do PRS Caatinga para os objetivos de mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e promover adaptação às mudanças climáticas, além do combate à pobreza e disseminação das TecABC.

“Muito nos alegra que a maioria dos alunos, se não a sua totalidade, seja formada por técnicos que atendem a pequenos e médios produtores. A agricultura familiar  mostra o seu papel e a sua importância, reforçando a necessidade de combate às mudanças do clima,  promovendo o desenvolvimento sustentável –  o que nós da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação tanto trabalhamos com o Plano ABC e o ABC+”, disse Fabiana. E acrescentou:

”Por meio do Programa de Capacitação nós podemos afirmar que estamos fortalecendo a convivência com o semiárido, trazendo para essas famílias a oportunidade de continuar produzindo mesmo frente às adversidades climáticas que os senhores, antes de nós, de outras regiões, já conheciam e já sabiam lidar com elas”, complementou a diretora.

 

Governo do Reino Unido: Engajamento do pequeno agricultor é fundamental

O cônsul geral do Reino Unido no Recife, Graham Tidey, agradeceu o esforço de realização do curso e parabenizou os formandos. “É um momento fundamental nas suas vidas profissionais e pessoais, e que irá refletir no desenvolvimento sustentável da Caatinga”.

Tidey contextualizou o investimento do Reino Unido no PRS Caatinga como parte de uma longa trajetória de mais de 30 anos de transição para uma economia verde, situando o PRS como beneficiário do Fundo Internacional do Clima do Reino Unido, que trabalha combatendo a pobreza e as ameaças climáticas.

– É uma alegria trabalhar nessas duas frentes em uma região como a Caatinga, onde existem tantas pessoas que podem fazer mudanças enormes tendo uma capacitação como essa. O PRS Caatinga apoia novos modelos de produção agrícola baseados nas tecnologias agrícolas de baixo carbono. O Programa de Capacitação é fruto do nosso reconhecimento do potencial do bioma e da importância da contribuição dos agricultores da região para as mudanças climáticas globais, que vão acontecer em nível local, especialmente em um país do tamanho do Brasil. É importante que o pequeno agricultor esteja engajado –”, enfatizou Tidey.

 

BID: O campo é parte do processo de recuperação econômica sustentável

Luís Hernando Hintze, especialista do BID, parabenizou todas as instituições envolvidas no Programa de Capacitação, enfatizando “o esforço dos alunos, que fizeram do curso um sucesso”. Segundo o especialista, apoiar o Projeto faz parte do Programa Visão 2025 do BID, que busca promover a produção de alimentos aliada à preservação de recursos naturais e geração de mais renda para os pequenos agricultores. Hintze destacou a importância da disseminação do conhecimento para a mudança do padrão produtivo.

– Na minha opinião, o que torna o projeto mais atual e relevante é a importância da formação, da geração de conhecimento e da assistência técnica, aplicadas às práticas do campo. Tudo isso, aliado ao trabalho direto com os produtores do semiárido, une o conhecimento das tecnologias sociais já existentes com o que há de mais eficiente e moderno para minimizar o impacto e lidar com as mudanças climáticas. O Programa forma importantes agentes que irão passar o conhecimento de como produzir mais e de forma mais sustentável no Sertão brasileiro. Eu gostaria de ressaltar aqui a importância de projetos inovadores como esse, para transformação da sociedade, no longo prazo. E em especial, do papel crucial do investimento em capacitação e formação de agentes multiplicadores que vão ajudar na mudança do padrão produtivo -, disse Hintze.

O especialista finalizou sua fala afirmando que é uma honra para o BID participar de iniciativas que promovem, de maneira integrada, benefícios econômicos, sociais e ambientais, destacando que “o meio rural tornou-se um instrumento fundamental para uma recuperação econômica inclusiva e sustentável”.

 

Alunos comentam a importância do Programa de Capacitação para sua atuação

Os alunos Wellington Assis da Silva, Laelson Mattos, Valdeci Maria da Silva e Érica Priscila dos Santos Silva receberam dos professores da Univasf os certificados de conclusão de curso, como entrega simbólica aos 375 profissionais formados no Programa de Capacitação. Confira os depoimentos!

Wellington Assis da Silva recebe presencialmente certificado da Profª. Lúcia Marisy, coordenadora pedagógica do curso

“Nunca é tarde para a gente buscar o nosso conhecimento. E se tem uma coisa que quando a gente tem e ninguém tira da gente é o conhecimento. Esse curso é uma soma muito grande para todos nós. E nosso Sertão vai agradecer muito por isso, porque todo esse pessoal que estará prestando serviço no campo vai ter uma utilidade muito grande. Obrigado por tudo!”, disse Wellington Assis da Silva.

 

Laelson Mattos recebe presencialmente certificado do Prof. Mário Miranda, da disciplina “Introdução ao Clima e Ciência do Solo”

“Quero agradecer ao PRS Caatinga, à Univasf, ao Instituto Regional da Pequena Agropecuária, à Rede das Escolas das Famílias Agrícolas, que me indicaram para fazer a formação. Para mim é de grande valia esse curso, como técnico agropecuário e extensionista rural. Todas essas práticas e tecnologias de baixa emissão de carbono vão agregar muito no dia a dia e no trabalho com as comunidades”, afirmou Laelson Mattos.

 

Valdeci Maria da Silva recebe virtualmente certificado do Prof. Denes Dantes Vieira, da disciplina “Gestão e Fortalecimento de Cooperativas e Associações”

“Quero agradecer a todos que nos ajudaram. Eu, enquanto mulher negra, deficiente e quilombola, posso dizer que é muito bom poder fazer parte disso, para nós que estamos nos territórios há muitos anos, poder trocar esse conhecimento com a comunidade acadêmica. Estamos juntos nessa caminhada”, ressaltou Valdeci Maria da Silva, diretamente da comunidade quilombola de Conceição das Crioulas.

 

Érica Silva recebe virtualmente certificado do Prof. René Cordeiro, da disciplina “TecABC na Caatinga”

“Quero agradecer ao Serta e aos professores da Univasf por dedicarem esse curso a nós,  pessoas que defendem a Caatinga e o meio ambiente. Foi um momento único. Esse curso de tecnologias de baixo carbono é muito importante para quem defende a natureza e o bioma unicamente brasileiro, que é a Caatinga, e para quem está trabalhando para evitar o desmatamento. Com esse curso aprendemos como trabalhar a agricultura sem prejudicar o meio ambiente e trabalhar com o bioma Caatinga sem desmatar. Quero agradecer a todos por esse momento, é um prazer imenso”, enfatizou Érica Silva.

 

Organizações de ATER recebem certificação do PRS Caatinga

Durante a cerimônia, o PRS Caatinga certificou organizações prestadoras de serviço de ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, cujos profissionais foram capacitados para propagar as TecABC nos territórios. Alguns representantes das organizações puderam falar da importância da qualificação e dos impactos na assistência técnica oferecida a agricultores familiares.

 

Francisco Campello, coordenador regional do PRS Caatinga, entrega presencialmente certificado para Geovane Xenofonte, coordenador do Caatinga

Geovane Xenofonte, do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais Alternativas (Caatinga) de Pernambuco, falou do sentimento de gratidão e da força de vontade dos alunos. “Quando falamos de 375 formandos estamos falando de pessoas que acordam muito cedo e se enveredam pela Caatinga adentro para construir conhecimento junto às famílias agricultoras. E esse processo de formação chega diretamente nas famílias”, disparou.

Ricardo Ramalho, liderança do Instituto Terra Viva de Alagoas, chamou atenção para produção de conhecimento em um bioma pouquíssimo conhecido, o que torna a iniciativa ainda mais relevante, na sua opinião. “Existe um ponto importantíssimo que é a confluência dos saberes acadêmico e popular. A sistematização dessas experiências ainda é muito pequena. E não adianta usarmos de outras experiências, temos de ter a nossa coleção de tecnologias, que são essas de baixo carbono, que são simples e ao mesmo tempo modernas”, declarou.

Com destaque para a participação feminina na agricultura, Aline Melo, do Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA), enfatizou que o processo formativo é importantíssimo em um bioma que apresenta escassez de tantos investimentos. “É no semiárido que a vida pulsa e resiste”, concluiu.

 

Uma parceria de valor: PRS Caatinga e Univasf

Programa de Capacitação em Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono ofereceu três modalidades de formação – Capacitação e Aperfeiçoamento e Especialização –, que somaram mais de 800 alunos inscritos. Entre os alunos, cerca de 60 profissionais de ATER foram selecionados para apoiar o PRS Caatinga na implementação de Arranjos Produtivos Locais (APL) sustentáveis, em parceria com 20 organizações em cinco estados do Nordeste – Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe. Após essa primeira oferta, a difusão de conhecimentos sobre tecnologias de baixo carbono segue sendo realizada pela Univasf, que está incorporando esses conteúdos no Mestrado Profissional em Extensão Rural.

Lúcia Marisy, pró-reitora de extensão da Univasf

“Essa possibilidade real de levar as tecnologias de baixo carbono ao semiárido foi por ousadia e determinação da professora Lúcia Marisy, que rapidamente se prontificou a coordenar esse esforço. Quero agradecer ao MAPA, ao BID, ao Reino Unido e à Univasf. Espero que a gente continue a servir essa região tão importante para nós no Brasil”, disse Pedro Leitão, diretor do PRS Caatinga.

A professora Lúcia Marisy, pró-reitora de extensão da Univasf e coordenadora pedagógica do curso, destacou a riqueza do processo formativo para todos os participantes. “Tivemos 13 professores empenhados nessa iniciativa tão importante no semiárido. A oportunidade de debater e aperfeiçoar práticas, aprender e se especializar foi algo valioso dos dois lados, para os extensionistas e para nós docentes e técnicos da Univasf”, enfatizou Lúcia.

O coordenador regional do PRS Caatinga, Francisco Campello, falou do projeto enquanto uma proposta desafiadora, uma oportunidade ímpar de ter dentro de um ambiente como a Caatinga, fragilizado no processo de mudanças climáticas, a oportunidade de qualificar técnicos e profissionais que atuam nas comunidades. “Estamos entrando com uma abordagem nova, de uma agricultura regenerativa de baixa emissão de carbono, fortalecendo a trajetória de convivência com o semiárido. Agradecemos aos nossos apoiadores por acreditarem nessa proposta. Como filho de professor, posso dizer que é uma das ações mais estruturantes e permanentes”, afirmou Campello.

Confira o evento na íntegra da Cerimônia de Formatura

* Texto publicado originalmente pelo PRS - Caatinga


16 de março - Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas

A data chama a atenção da sociedade para a reflexão e a mudança de atitude

As atividades humanas no planeta têm contribuído para o aumento, sem precedentes, de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre, que é a grande causa das mudanças climáticas. As mudanças climáticas são um conjunto de alterações no clima global, marcado pelo aquecimento do sistema climático e pela ocorrência de eventos extremos (tempestades, secas intensas, escassez de água etc.). Suas consequências são muitas e, como num sistema, acontecem em cadeia. 

A exemplo, o aquecimento global contribui para o derretimento das calotas polares, que aumenta o nível do mar em algumas regiões e pode causar a redução da área costeira ou o desaparecimento de ilhas inteiras. Ainda, o agravamento da seca, com o aumento da temperatura e a redução das chuvas em algumas regiões, pode diminuir a oferta de água e alimentos para determinadas espécies, comprometendo a biodiversidade e a saúde de ecossistemas. Esses desequilíbrios têm impactos profundos na sociedade, podendo comprometer a capacidade da natureza em prover serviços essenciais à vida na terra.

Portanto, da mesma forma que a atividade humana afeta o equilíbrio do clima no planeta, as mudanças climáticas impactam o bem-estar humano. Temos aí razões suficientes para uma tomada de consciência sobre a necessidade de mudanças rumo a um modelo mais sustentável de estar no planeta. É disso que trata o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, comemorado nesta quarta-feira, 16/03.

Mudanças climáticas, Brasil e o PRS: entenda essa conexão

O Brasil é um dos países que mais emitem GEE no mundo. As grandes fontes dessas emissões são as mudanças de uso da terra, seja pelo desmatamento ilegal, seja por práticas produtivas pouco sustentáveis e de manejo inadequado do solo, em que a necessidade de abertura de novas áreas sempre se faz necessária.  

Um dos caminhos para mitigar as mudanças climáticas é tornar os solos mais produtivos, em uma mesma área, seja com tecnologias agropecuárias de baixa emissão de carbono, ou com uma relação saudável com o território, por meio das tecnologias sociais. 

E o grande objetivo do Programa Rural Sustentável é conservar os recursos naturais, a biodiversidade e evitar o desmatamento ilegal por meio do aumento da produtividade e rentabilidade no uso sustentável da terra, diminuindo a pobreza no meio rural. 

Viu como produtores e produtoras rurais são peças-chaves para uma agropecuária de baixa emissão de carbono? O PRS sabe disso e aposta no protagonismo desses atores para aumentar a sua produção sem agredir o meio ambiente, contribuindo para mitigar as mudanças climáticas.

Venha conhecer mais sobre a nossa atuação em cada um dos biomas e acompanhar de perto quais ações desenvolvemos neles!


FBDS lança ato convocatório para contratação de serviços especializados

A Fundação busca entidade especializada para apoiar o planejamento e execução de APLs de baixo carbono

A Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) informa a todos os possíveis interessados que realizará uma seleção de propostas, na modalidade de concorrência, para “Contratação de Serviços Técnicos Especializados em Planejamento e Apoio à Implementação; Elaboração e Monitoramento de Projetos de Arranjos Produtivos Locais (APLs)”.

Todas as informações necessárias para a participação no processo concorrencial constam do documento “Ato Convocatório – Concorrência No 001/2021”, publicado no dia 18 de agosto de 2021 no site do Projeto Rural Sustentável Caatinga, seção Projeto / Documentos do Projeto (LINK). Os documentos de Habilitação, a Proposta Técnica e a Proposta de Preço deverão ser entregues até às 23:59h do dia 02 de setembro de 2021, para o e-mail prs.caatinga20@fbds.org.br.


Como pensar a Caatinga no contexto do novo relatório do IPCC?

Documento do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas faz alerta importante para o mundo e a Caatinga

O novo relatório Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) deixa claro que as mudanças climáticas são resultado da ação humana direta e devastadora sobre o meio ambiente, sem precedentes nos últimos dois mil anos. O documento, que está na sua sexta edição, lançado na Suíça, no dia 9 de agosto, aponta para a urgência de reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), que é um dos pilares de atuação do PRS Caatinga.

O texto do relatório mostra que o planeta aqueceu 1,09ºC e desse total 1,07ºC representa os efeitos causados pelo homem. Nesse cenário, as regiões semiáridas podem ter suas condições agravadas. Os efeitos da alteração do clima são uma realidade com danos acelerados e que colocam em risco a vida no planeta. Combinados os efeitos naturais e os impactos causados pela ação humana indiscriminada algumas mudanças no clima são irreversíveis.

As evidências científicas relatadas no documento apontam que a atividade humana feita sem planejamento ou conformidade fará, certamente, com que eventos climáticos  extremos como ondas de calor, chuvas e até intensas secas sejam vividos mais incisivamente, aumentando também o risco de crises hídricas, incêndios, desastres naturais e pandemias.

Alguns efeitos que já estão sendo sentidos no país são, por exemplo, a seca no Brasil Central e o impacto na produtividade agrícola, além do risco de racionamento elétrico por conta da falta de chuvas. Na economia, há um aumento significativo no preço dos alimentos e crescente insegurança alimentar, especialmente das populações mais pobres que já estão fragilizadas pelos impactos econômicos da pandemia de Covid-19 e o aumento do desemprego. Há reflexos importantes na segurança hídrica com o esvaziamento de reservatórios e segurança energética com risco de racionamento.

 

Principais pontos do relatório

  • A influência da ação humana nas mudanças climáticas que ocasionam o aumento de temperatura é inquestionável.
  • As ondas de calor triplicaram em relação ao período de 1850-1900.
  • O nível do mar praticamente triplicou se comparado com o período de 1901-1970. Nos últimos 100 anos, o mar subiu 20 cm. As projeções do IPCC até o final do século apontam que o mar pode subir até 1 m.
  • O aumento da temperatura nesse século será de 1,5°C a 2°C se não houver forte redução de emissão de gases de efeito estufa.

 

Impactos no semiárido

O semiárido brasileiro é a área seca mais povoada no mundo e enfrenta historicamente eventos climáticos extremos. Globalmente, a tendência é que a temperatura média aumente em 1,5°C até 2030, se nada for feito, e as ondas de calor são um futuro certo.

No Nordeste, as projeções do IPCC indicam uma queda de cerca de 30% na chuva e um aumento de temperatura de 3°C a 4°C , agravando o processo de desertificação. Em áreas como a Caatinga, a temperatura média pode ultrapassar os 40°C, o que representa um grave risco para as atividades agrícolas.  Nesse sentido, as mudanças climáticas produzem impactos sociais e econômicos ao abalar a capacidade da região de produzir alimentos e, consequentemente, o esvaziamento das áreas rurais por conta das terras se tornarem improdutivas.

Outro dano é o aumento do processo de desertificação. O relatório anterior do IPCC, com data de 2019, indicou que se somadas as áreas desertificadas da Caatinga equivalem ao tamanho da Inglaterra. Com o aumento da temperatura, este fenômeno tende a se agravar na região.

– O relatório acende um alerta para situações já irreversíveis e nós, enquanto projeto voltado para a produção sustentável, tomamos as evidências científicas como um norte. Podemos sublinhar o pioneirismo da Caatinga na criação de soluções para lidar com altas temperaturas, um fenômeno cada vez mais frequente em diferentes regiões do planeta. São saberes locais desenvolvidos para a convivência com o semiárido, com  um valor inestimável porque as mudanças do clima são um tema global. Em paralelo, o nosso projeto trabalha para a redução de emissões de gases de efeito estufa, levando para os agricultores rurais tecnologias agrícolas de baixo carbono -, disse o diretor do PRS Caatinga, Pedro Leitão.

 

Mitigação e Adaptação

Nesse contexto, duas palavras de ordem são mitigação, da emissão de gases de efeito estufa, e adaptação, às mudanças climáticas.  De acordo com o IPCC (2007), mitigação significa “implementar políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e aumentar os sumidouros”. Já a adaptação são “as iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos contra os efeitos reais ou esperados das mudanças climáticas”.

Limitar as emissões de GEE pode retardar alguns processos de degradação que impactam diretamente na questão das mudanças climáticas. “É o que a Ciência tem a dizer para toda a sociedade e aos governos. O documento deixa claro que para limitar o aquecimento global são necessárias reduções fortes, rápidas e sustentadas de CO2, metano e outros gases de efeito estufa”, comenta Pedro Leitão, Diretor do PRS Caatinga.

“Na Caatinga, a adoção de tecnologias agrícolas de baixo carbono pode contribuir para, por exemplo, reduzir as emissões de gás carbônico, oriundo do desmatamento, e o metano, produzido pela digestão entérica dos animais. Por outro lado, as estratégias de adaptação, já consolidadas nos territórios da Caatinga, se tornam cada vez mais importantes no cenário global”, acrescentou.

 

Referências

IPCC, 2021: Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Masson-Delmotte, V., P. Zhai, A. Pirani, S. L. Connors, C. Péan, S. Berger, N. Caud, Y. Chen, L. Goldfarb, M. I. Gomis, M. Huang, K. Leitzell, E. Lonnoy, J. B.R. Matthews, T. K. Maycock, T. Waterfield, O. Yelekçi, R. Yu and B. Zhou (eds.)]. Cambridge University Press. In Press. Disponível em https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_Full_Report.pdf

IPCC, 2007: Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fourth Assess-ment  Report  of  the  Intergovernmental  Panel  on  Climate  Change  [Core  Writing  Team,  Pachauri,  R.K  and  Reisinger,  A.(eds.)]. IPCC, Geneva, Switzerland, 104 pp. Disponível em https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/02/ar4_syr_full_report.pdf


PRS Caatinga apoia tecnologias sociais que contribuem para igualdade de gênero

Fogões agroecológicos e ecoeficientes: soluções inovadoras em energia que fazem o diferencial de projetos no semiárido

A Caatinga é um repositório vivo de tecnologias sociais, que são soluções produzidas na convivência com o semiárido – entre elas existe a experiência dos fogões agroecológicos e ecoeficientes, criados para dar maior autonomia às mulheres. Fomentar a adoção de tecnologias sociais inovadoras em energia é uma das metas do PRS Caatinga e pode ser um diferencial no apoio a projetos locais.

Oficina realizada pela Casa da Mulher do Nordeste
Foto: Renata Barreto

– Esses fogões ajudam no combate às mudanças do clima, porque reduzem as emissões do gás carbônico, pela diminuição da queima da lenha. Entendemos que é uma iniciativa alinhada aos objetivos do nosso projeto e por isso pode ser um diferencial nas nossas ações de apoio a projetos no semiárido. A mulher é figura central na agricultura familiar praticada na Caatinga e a produção dos fogões está fundamentada em saberes, habilidades e materiais locais que criam tecnologias sociais sustentáveis. São soluções utilizadas na Caatinga que podem ser aplicadas em diversas regiões do mundo, convergindo sabedoria popular, organização social e conhecimento técnico-científico –, explica Pedro Leitão, diretor do PRS Caatinga”.

Os fogões agroecológicos e ecoeficientes são pequenas edificações, feitas com tijolos e ferro fundido, que mantêm o calor, tornando a geração de energia para o preparo de alimentos mais eficiente. Eles ajudam a preservar o meio ambiente porque reduzem o consumo de lenha já que podem ser abastecidos com pequenos gravetos e restos de podas coletadas ao redor da casa. Como consequência, as mulheres, que geralmente se ocupam dos afazeres domésticos, não precisam dispensar muito tempo na coleta de lenha longe da sua residência.

 

Formação de redes de conhecimento

A transmissão do conhecimento de como produzir os fogões ocorre por meio da capacitação, com oficinas de edificação. Munidas desse aprendizado, as mulheres agricultoras se tornam multiplicadoras dessa tecnologia social.

“Da perspectiva social, os fogões levam mais qualidade de vida para as mulheres. Do ponto de vista ambiental, essas tecnologias sociais evitam o desmatamento, além de diminuírem a emissão de gás carbônico. Do ponto de vista econômico, os fogões também podem contribuir para gerar renda”, comenta Leitão.

 

Contribuições para a igualdade de gênero

Os fogões agroecológicos e ecoeficientes estimulam o debate sobre a divisão do trabalho no interior das famílias. No Dia Internacional da Igualdade Feminina, comemorado em 26 de agosto, essa tecnologia social tem muito a dizer sobre as necessidades das mulheres na Caatinga e, especialmente daquelas que atuam na agricultura familiar, já que o seu trabalho tende a ser invisibilizado e não remunerado.

Estas tecnologias sociais buscam equilibrar a sustentabilidade social, econômica e ambiental e se alinham ao Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável 5 – “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Para tal, adotam a estratégia de promoção do empoderamento das mulheres, por meio da tecnologia, para alcançar a meta de aumentar o valor dos cuidados não-remunerados e promover responsabilidades domésticas compartilhadas.

 

Um pouco de história

Reprodução de publicação com passo-a-passo da construção de fogões, Casa da Mulher do Nordeste

Os fogões agroecológicos foram desenvolvidos pela Casa da Mulher do Nordeste (CMN), em parceria com agricultoras do Sertão do Pajeú, em Pernambuco.

Pesquisa realizada pela CMN com 30 mulheres agricultoras sobre os impactos  positivos desta tecnologia social identificou que, com o fogão agroecológico, há uma diminuição de aproximadamente 64% no tempo utilizado na obtenção da lenha, contribuindo para a redução no uso do gás butano (gás de cozinha) em 73%.

Já o fogão ecoeficiente foi desenvolvido pelo Instituto Perene, criado a partir de um processo de design participativo que envolveu mulheres, pedreiros, metalúrgicos, artesãos locais e um especialista do centro de pesquisa Aprovecho. Juntos, eles criaram um modelo adaptado à realidade e às práticas culinárias do Recôncavo da Bahia.

 

Vantagens dos fogões agroecológicos e ecoeficientes

  • Eficiente: preparo mais rápido de alimentos
  • Econômico: redução do uso de gás butano
  • Saudável: menor inalação de fumaça, mais higiene na cozinha
  • Liberação de tempo: mulheres e meninas coletam menos lenha
  • Meio ambiente: diminui desmatamento com uso reduzido de lenha e aproveitamento de gravetos e sobras de podas
  • Mitigação de GEE: reduz a emissão de dióxido de carbono (CO2)
  • Oportunidade de geração de renda

 

Recomendações de leitura

AMORIM, João Batista Barros; ARAÚJO, Ana Cáscia Leal de; MÉLO BRANDÃO, Anastácia; COSTA, Michelly Aragão; MORAES, Lorena Lima de. Mulheres e agroecologia: fogão agroecológico uma tecnologia de convivência com o Semiárido. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 10, No 3 de 2015.  Disponível em: http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/cad/article/view/18762

CASA DA MULHER DO NORDESTE. Mulheres na Caatinga: saberes, sabores e poesia [com passo-a-passo da construção do fogão agroecológico]. Disponível em https://issuu.com/cmnordeste/docs/cartilha_mulheres_na_caatinga_arte

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL (Banco de Tecnologias Sociais). Fogões Agroecológicos por Casa da Mulher do Nordeste (Tecnologia social certificada em 2017). Mais informações em: https://transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/fogoes-agroecologico

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL (Banco de Tecnologias Sociais). Fogões Eco-Eficientes, por Instituto Perene (Tecnologia social certificada em 2019). Mais informações em: https://transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/fogoes-eco-eficientes

GOLD STANDARD. Gold Standard Improved Cookstove Activities Guidebook: Increasing commitments to clean-cooking initiatives. 2016. Disponível em: https://www.goldstandard.org/sites/default/files/documents/gs_ics_report.pdf

RUFINO, Sara Regina Miranda; SANTOS, Graciete Gonçalves dos. As mulheres na preservação da caatinga: a experiência dos fogões agroecológicos no sertão do Pajeú em Pernambuco. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Anais do VI CLAA, X CBA e V SEMDF – Vol. 13, N° 1, Jul. 2018. Disponível em: <http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/index.php/cadernos/article/view/476/928>


FBDS amplia prazo para recebimento de propostas para para contratação de serviços especializados

A Fundação busca entidade especializada para apoiar o planejamento e execução de APLs de baixo carbono

A Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) informa a todos os possíveis interessados que o prazo para encaminhamento de propostas para “Contratação de Serviços Técnicos Especializados em Planejamento e Apoio à Implementação; Elaboração e Monitoramento de Projetos de Arranjos Produtivos Locais (APLs)” foi ampliado.

Todas as informações necessárias para a participação no processo concorrencial constam do documento “Ato Convocatório – Concorrência No 001/2021”, publicado no dia 18 de agosto de 2021 no site do Projeto Rural Sustentável Caatinga, seção Projeto / Documentos do Projeto (LINK). Os documentos de Habilitação, a Proposta Técnica e a Proposta de Preço deverão ser entregues até às 23:59h do dia 16 de setembro de 2021, para o e-mail prs.caatinga20@fbds.org.br.