Missão Rural Sustentável visita práticas sustentáveis no Cerrado, Amazônia e Caatinga

Representantes do Governo do Reino Unido, do MAPA, do BID e dos Projetos acompanham as visitas

Entre os dias 8 e 19 de abril, representantes do Programa Rural Sustentável (PRS), da Embaixada do Reino Unido e do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA) do país, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) foram a campo pela Missão Rural Sustentável, para ver de perto o impacto do Programa na vida das comunidades das regiões participantes dos projetos na Amazônia, no Cerrado e na Caatinga.

Em mais de uma década atuando no Brasil, as ações do Programa atualmente se concentram em promover uma transição sustentável na agricultura e pecuária no Cerrado, fortalecer e desenvolver cadeias produtivas na Amazônia e fomentar a adoção de tecnologias de agricultura de baixa emissão de carbono (Tecs ABC) e reduzir a pobreza na Caatinga. Esses objetivos são realizados por meio dos projetos PRS – Cerrado, PRS – Amazônia e PRS – Caatinga, respectivamente.

 

Um rural mais sustentável no Cerrado

O primeiro destino da Missão Rural Sustentável foi Minas Gerais, entre os dias 8 e 11 de abril. A ocasião proporcionou que os participantes conhecessem de perto, e na prática, as atividades de duas Unidades Demonstrativas (UD), uma Unidade Multiplicadora (UM) e de uma Organização Socioprodutiva (OSP) apoiadas pelo Projeto Rural Sustentável – Cerrado.

A visita se iniciou na Fazenda Lamarão, uma UD do Projeto, para conhecer a área implantada da tecnologia Integração Lavoura-Floresta (ILF). Na ocasião, a comitiva esteve acompanhada de técnicos da EMATER, que prestam assistência técnica na propriedade pelo Projeto. Em seguida, foi visitada a UM Fazenda Estância Barreirinho, onde também esteve presente a Cooperativa Mista dos Assentados e Agricultores Familiares do Noroeste de Minas (COOPERFAN), OSP beneficiária do PRS – Cerrado, e alguns representantes do poder público local.

O primeiro dia de missão foi finalizado em outra OSP do Projeto: a Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu (COOPERVAP), na qual os participantes conheceram as estações de produção da cooperativa. A organização compra leite dos(as) produtores(as) da região com preços vantajosos e produz derivados como queijo, manteiga e iogurte, além de também fazerem a instalação de produção de ração que abastece o entorno do município com preços mais acessíveis.

“Ter a oportunidade de visitar esses locais e ouvir as histórias dos agricultores é incrível. Com essa missão, nós estamos nos certificando de que continuamos trabalhando com os produtores rurais para garantir que eles tenham um meio de vida sustentável ao mesmo tempo em que possam preservar a área”, destaca Nikhil Kapila, gerente do Programa Rural Sustentável no DEFRA.

A missão do Cerrado foi finalizada com um Dia de Campo na Fazenda Espelho Soleum, UD do Projeto, que também implanta ILF. A ocasião apresentou todos os potenciais da macaúba e de demais produtos e mercados, assim como diversas pesquisas na área, incluindo duas pesquisas apoiadas pelo Projeto. Também foram visitadas as áreas de cultivo da macaúba em consórcio com outras espécies, como por exemplo, girassóis.

 

A força das comunidades da Amazônia

Já entre os dias 12 e 15 de abril, as visitas se concentraram em vivenciar as duas cadeias produtivas apoiadas pelo Projeto Rural Sustentável – Amazônia no estado de Rondônia: peixes redondos e café. 

Na cadeia de peixes redondos, a visita foi à sede da Cooperativa dos Produtores de Peixe de Monte Negro (COOPEMON). Além de representantes da COOPEMON, o momento contou com a presença da Presidente da Colônia de Pescadores e Aquicultures Z-1 Tenente Santana (Colônia Z-1), ambas OSPs selecionadas e apoiadas pelo Projeto. Nesse momento, os participantes puderam conhecer o histórico de atuação das duas OSPs, os métodos de criação de peixes redondos e as práticas sustentáveis de despesca utilizadas pela cooperativa. 

Já para a cadeia do café, os destinos foram as OSPs indígenas apoiadas pelo projeto:  Cooperativa de Produção do Povo Indígena Paiter Suruí (COOPAITER) e Associação Indígena do Povo Paiter Surui (GAP EY). Na visita à COOPAITER, os participantes puderam conhecer na prática o cultivo sustentável do café e, também, uma área de agrofloresta na aldeia Joaquim, com plantação de café robusta com integração com a castanha-do-Brasil. 

Posteriormente, a comitiva foi recebida no centro cultural YABNABY, para uma  roda de conversa com Almir Suruí e outros líderes do povo Paiter Suruí – Almir é cacique geral do Povo Paiter Surui e liderança indígena reconhecida no assunto do combate às mudanças do clima. Durante a conversa, puderam conhecer mais sobre como o povo  Paiter Suruí se organiza, principalmente em relação aos desafios enfrentados pelas mudanças climáticas. 

No segundo dia de vivência na cadeia do café, o grupo visitou a associação GAP EY, também beneficiária do Projeto e produtora de café. Durante a visita, os participantes puderam conhecer outras experiências de produção sustentável, gargalos para a comercialização do produto e, também, aprender um pouco mais da cultura deste povo indígena com uma visita ao museu na comunidade. Na ocasião, os dirigentes da Associação Indígena Fluvial (ÕTAIBIT) – outra OSP apoiada pelo Projeto – contribuíram para um intercâmbio de experiências, desafios e oportunidades em relação ao fortalecimento da cadeia do café. 

No último dia de visita, o grupo visitou a estação de beneficiamento de café e áreas produtivas sustentáveis, localizada no Selva Park. Assim, foi possível apreender possibilidades de beneficiamento dos grãos e clonagem das espécies, com abordagens e tecnologias avançadas.

“É muito importante para nós estar aqui no Brasil pela primeira vez e testemunhar de perto os avanços do Programa. Podemos ver como essas iniciativas podem realmente fazer a diferença, oferecendo suporte vital para as comunidades locais na busca por práticas sustentáveis, especialmente em relação à produção de peixes redondos e ao café”, conta Tess Hanneman, representante do DEFRA na área de consultoria e envolvimento internacional.

 

Intercâmbio de tecnologias na Caatinga

De 17 a 19 de abril, a missão foi finalizada em Pernambuco, acompanhada também de representante do Ministério Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). Durante a última parada, a intenção era que os visitantes pudessem conferir o impacto da da implementação de Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono (TecABC) no semiárido brasileiro por meio do Projeto Rural Sustentável – Caatinga. O projeto, cuja implementação foi concluída em setembro de 2023, levou as TecABC a mais de 1.500 famílias produtoras rurais de 31 municípios do semiárido brasileiro.

A primeira visita foi na Unidade Demonstrativa (UD) Sítio Malhadinha, que tem a caprinocultura e agricultura como principal atividade. Situado no sertão pernambucano, o sítio implementou três Barragens Base-Zero (BBZ) e cordões de pedra construídos em curva de nível, tecnologias sociais de convivência com o semiárido nordestino que permite reter água, evitando a erosão do solo e, a longo prazo, criando um açude para o uso dos animais.

Em seguida, o grupo visitou outras UDs do Projeto, como o Sítio Tanque Novo. Por meio do Manejo Silvipastoril, um tipo de sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, a UD aprimorou o sistema de oferta e segurança alimentar para a criação de animais. Já no Sítio Água Branca, foi possível ver as áreas implantadas com Sistema Agroflorestal (SAF) e conhecer outras tecnologias sociais utilizadas na propriedade. A equipe ainda conheceu o banco de sementes nativas da região, desenvolvido pelo proprietário da Unidade, Francisco Souza.

No segundo dia na Caatinga, a UD Serra da Instância demonstrou a usabilidade dos maquinários recebidos pelo Projeto e a diferença que os equipamentos fizeram no dia a dia da propriedade, aumentando a participação de mulheres e jovens nas atividades em campo. Por fim, a Associação dos(as) Agricultores(as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia), um dos 20 Arranjos Produtivos Locais (APLs) parceiros do Projeto abriu a sua propriedade para demonstrar a prática do Sistema Agroflorestal para segurança alimentar e tecnologias sociais de reuso de água, fogão ecológico e beneficiamento de frutas nativas.

“Ver e escutar os depoimentos dos beneficiários tem sido muito perceptivo para nós em como o Programa pode provocar mudanças nas comunidades rurais. É uma experiência reflexiva e vai me fazer levar muitos aprendizados de volta para o Reino Unido para podermos sempre aprimorar o nosso trabalho”, destaca Liam McCann, gerente sênior do Programa no DEFRA.

A Missão teve o seu encerramento no Espaço Plural, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), onde o foi montada uma UD com modelos de produção integrados para segurança alimentar, restauração de áreas degradadas por um SAF frutífero e uma grande área de criação de animais e apicultura. Primeiro foi feita a visita à UD e, posteriormente, foi realizado o evento de encerramento dos quatro anos do PRS – Caatinga, em que foram apresentados os resultados alcançados do Projeto e debatidos caminhos futuros. A ocasião contou com a presença de representantes do arranjo institucional do Projeto, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), do MDA, da Embrapa Semiárido, do Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), da Univasf e de Cooperativas e técnicos que atuaram no projeto. 

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