Recuperação de áreas degradadas é uma das preocupações do Programa Rural Sustentável

Para lidar com os milhões de hectares degradados no país, Programa atua em prol da transição para uma agropecuária e extrativismo de baixo impacto ambiental e reduzida emissão de gases do efeito estufa

Fenômeno que atinge milhões de hectares de vegetação nativa do país, a degradação ambiental é um desafio para proteção da biodiversidade e resiliência climática nos biomas brasileiros. Desde 2012, o Programa Rural Sustentável (PRS) promove práticas produtivas comprometidas com a redução dos gases do efeito estufa emitidos e do impacto ambiental da agropecuária e do extrativismo, incluindo, em sua atuação, o incentivo a tecnologias de recuperação de áreas degradadas.

O Brasil registrou entre 11% e 25% de vegetação nativa suscetível à degradação — são 60,3 milhões a 135 milhões de hectares, no período entre 1986 e 2021, apontam dados da rede MapBiomas. Nesse cenário, práticas de agropecuária e extrativismo mais sustentáveis são importantes caminhos para lidar com a degradação ambiental nos biomas brasileiros e evitar o desmatamento. 

Consciente dessa realidade, o PRS trabalha, atualmente, nos dois maiores biomas do país, com o Projeto Rural Sustentável – Amazônia (2022 – presente) e o Projeto Rural Sustentável – Cerrado (2019 – presente). Nesta matéria, vamos discutir o impacto da degradação nos dois biomas e quais estratégias de recuperação o Programa desenvolve, conciliando produtividade e sustentabilidade no setor agropecuário e extrativista nos locais onde atua.

 

Contexto de degradação ambiental na Amazônia e Cerrado

Desmatamento, focos de fogo, invasão de espécies exóticas, extração de madeira, estresse hídrico, contaminação do solo e das águas por agrotóxicos e proximidade às áreas agropecuárias, de rodovias ou polos industriais são alguns dos principais atores de degradação ambiental nos biomas brasileiros. Como consequência, diversos serviços ecossistêmicos e funções básicas podem ser afetados, como disponibilidade e qualidade hídrica, qualidade do solo — em fertilidade e estabilidade, sendo propensos à infertilidade e erosão, por exemplo —, e vulnerabilidade e redução da biodiversidade.

Na saga para evitar o ‘ponto de não retorno’ da Amazônia, a degradação ambiental é um desafio: o bioma apresenta a segunda maior área degradada no país, ao considerarmos sua extensão. Cerca de 19 milhões a 34 milhões de hectares de vegetação nativa amazônica apresenta algum tipo de degradação. O mapeamento do MapBiomas, o mesmo mencionado acima,  considera a frequência de fogo, idade da vegetação secundária — vegetação que nasceu no local após o desmate —, fragmentos da vegetação nativa e data da última queimada; não contabiliza, metodologicamente, o desmatamento.

Os dados para o Cerrado também são alarmantes: a savana apresenta a maior área absoluta de degradação no país. Entre 18,3 milhões de hectares a 43 milhões de hectares estão suscetíveis ou já apresentam degradação, o correspondente a 19,2% e 45,3% de sua vegetação nativa. A fragmentação e proximidade dessa vegetação remanescente às áreas de agropecuária são um dos fatores que vulnerabilizam o bioma ao risco da perda de biodiversidade, queimadas e invasão por espécies exóticas.

Sem a restauração desses territórios degradados, o risco é a perda dos ecossistemas. Felizmente, a recuperação é possível. 

 

Caminhos para recuperar territórios degradados: atuação do Programa Rural Sustentável 

Assoreamento de rios e riachos, áreas de brejos produzidas pela retirada da vegetação nativa, áreas abandonadas ou queimadas, pastagens degradadas pelo manejo inadequado do solo, terrenos agrícolas degradados pelo uso incorreto de tecnologias e fragmentos florestais degradados por desmatamento. Esses são alguns dos tipos mais comuns de degradação nas propriedades rurais brasileiras, indica o documento técnico produzido pelo Programa Rural Sustentável, para a série Propriedade Sustentável. 

A recuperação de áreas degradadas envolve uma combinação de estratégias adaptadas. Por meio da técnica de plantio de espécies nativas, é possível restaurar a biodiversidade e os serviços ecológicos fundamentais; ao passo que a agrossilvicultura, que integra agricultura, pecuária e silvicultura, é comumente utilizada em terras afetadas por atividades agropecuárias. Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) combinam árvores nativas com cultivos agrícolas e pecuária, oferecendo uma solução eficaz para a recuperação da vegetação e manutenção da produção.

O manejo de pastagens com práticas de rotação e controle de espécies invasoras, revegetação com plantas pioneiras e a Recuperação de Pastagem Degradada (RPD) são técnicas importantes para o cuidado com o solo. A RPD, em especial, restaura áreas que sofreram degradação devido ao pastoreio excessivo, manejo inadequado e outras práticas de uso intensivo do solo — terrenos estes que se encontram com baixa produtividade e vulneráveis à erosão do solo.

Das mais simples às complexas, as estratégias de recuperação partem do respeito às especificidades de cada espaço degradado, considerando as características do bioma. Incluem o diagnóstico e cercamento das áreas, estancamento dos fatores degradantes e o planejamento  de recuperação mais adequado para o território.

O Brasil pretende restaurar pelo menos 12 milhões de hectares de vegetação florestal e não florestal no país até 2030, a partir do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. A documentação foi lançada em 2017 e revisada em 2024, estabelecendo critérios e objetivos que visam maximizar os impactos da restauração no país. Dentre eles, está a recuperação de áreas degradadas ou desmatadas protegidas por lei (como Áreas de Preservação Permanentes e Reserva Legal) e recuperação de vegetação nativa associadas a práticas econômicas, como agroflorestas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou silvicultura de nativas.

Uma outra iniciativa governamental é o Plano ABC+ 2020-2030, voltada para o enfrentamento das mudanças climáticas e a consolidação de uma agropecuária mais sustentável. Lançado em 2021, busca incorporar novas práticas e tecnologias de reduzido impacto ambiental, com foco na agricultura de baixo carbono, recuperação de áreas degradadas e no incentivo a fontes de energia renováveis. Evolução do Plano ABC, de 2010, o Plano ABC+ estabelece metas mais ambiciosas, a partir do objetivo ampliar as políticas públicas e ações para redução das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, soluções para mitigação e adaptação climática e fortalecimento da agenda ambiental do país no cenário internacional. 

Desde 2012 — com o Projeto Rural Sustentável – Mata Atlântica e Amazônia (2012-2019) —, o Programa promove a tecnologia agrícola Recuperação de Áreas Degradadas (RAD), incluindo a Recuperação com Pastagem (RAD – P) e a Recuperação com Florestas (RAD – F). Atualmente, além da RAD, o Projeto Rural Sustentável – Cerrado integra a Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD). No contexto do bioma amazônico, a partir das especificidades das áreas onde o Projeto Rural Sustentável – Amazônia atua e das cadeias produtivas apoiadas, o Sistema Agroflorestal (SAF) é uma tecnologia estratégica para recuperação. E concilia, também, a produção sustentável enquanto regenera os ecossistemas.

Ao aliar todas essas ferramentas, com muita escuta nos territórios e pesquisa integrada com as necessidades dos produtores e produtoras, o Programa Rural Sustentável vem transformando a agropecuária e o extrativismo nos municípios por onde passa. Como isso acontece? Contamos na próxima matéria, que sairá dia 22 de janeiro! Nela, detalharemos como funcionam as tecnologias de recuperação aplicadas nos Projetos!

 

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