A educação é um dos pilares para o desenvolvimento sustentável. Quando o assunto é adaptação e contenção das mudanças climáticas e mitigação dos gases do efeito estufa na atmosfera, a educação ambiental cumpre um papel fundamental de transformação do comportamento, do compartilhamento de experiências, da construção de soluções e da prática sustentável.
Neste Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (16), o Programa Rural Sustentável (PRS) apresenta o trabalho realizado pelo Programa de Capacitação — eixo educativo dos Projetos Rural Sustentável – Amazônia e Rural Sustentável – Cerrado. Promovendo a troca de conhecimento e boas práticas na sustentabilidade, o Programa de Capacitação atravessa o trabalho nos dois biomas em muitas ações, pensadas, também, para diferentes públicos envolvidos.
Esse eixo atua a partir de atividades como oficinas — junto aos beneficiários, organizações socioprodutivas parceiras e comunidades nos territórios —, Dias de Campo, Mestrado Profissional e os cursos de Ensino a Distância (EAD) Introdutório em Mudanças Climáticas e Cadeias Produtivas Sustentáveis na Amazônia e no Cerrado. É uma trajetória permeada por muitas trocas de conhecimento, com diálogo de saberes e construção participativa.
Melissa Curi, coordenadora de Capacitação do Projeto Rural Sustentável – Amazônia e Cerrado, explica que o trabalho do Programa de Capacitação vai além das atividades tradicionais de capacitação e conscientização. “O Programa não tem como único objetivo capacitar, mas também treinar e sensibilizar o público do projeto. E essa parte da sensibilização é muito importante também, porque fazemos muitas oficinas participativas, onde trabalhamos temas sensíveis, como empoderamento feminino e de juventudes. São temas importantes e que passam por uma grande subjetividade, que é, também, a formação de liderança. E sensibilização, também, para sustentabilidade”, explica a coordenadora.
Vamos conversar um pouco, nesta matéria, sobre as atividades de educação e de conscientização ambiental e climática que vem sendo realizado pelo Programa de Capacitação. Te apresentamos algumas histórias de impacto do Projeto Rural Sustentável – Amazônia (2022-presente) e do Projeto Rural Sustentável – Cerrado (2019-presente), e te convidamos a conhecer os produtos de pesquisa que já estão disponíveis.
Projeto Rural Sustentável – Amazônia (2022-presente)
Marta Suely é uma das 20 estudantes do Mestrado Profissional do Projeto Rural Sustentável – Amazônia. Moradora do município de Brasil Novo (PA) e extrativista do cacau, Marta também é coordenadora do setor de formação da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), uma das organizações socioprodutivas parceiras do Projeto.
Para ela, estar na primeira turma do Mestrado Profissional é a realização de um sonho. “Participar do mestrado hoje — principalmente dentro das linhas de atuação com o cacau —, para mim é muito importante, porque isso cria possibilidades de profissionalizar a atividade da lavoura cacaueira sob o olhar feminino”, inicia a extrativista. Ao longo de sua jornada, o foco profissional era conseguir um emprego e, hoje, ela pode participar da pós-graduação e estudar um assunto que gosta e tem afinidade. “Meu foco principal da formação é criar possibilidades de autonomia para atuar nas atividades do campo”, complementa.
A forma com que o Mestrado Profissional é construído, com diversas atividades de visitas às práticas produtivas de extrativismo, aquicultura e agricultura sustentáveis, é um dos pontos que Marta destaca nessa jornada de conhecimento. “Eu estou conhecendo lugares diferentes, tendo experiências fantásticas. Visitamos lugares em Rondônia, para conhecer a cadeia de peixes redondos, e no Pará — em Belém, onde visitamos a Ilha do Combu. Então, isso transforma a vida da gente, cria uma nova possibilidade de visão do mundo, agrega na formação pessoal e, principalmente, na minha qualidade de vida”, reflete.
No bioma, o Projeto Rural Sustentável – Amazônia tem como objetivo fortalecer as cadeias produtivas sustentáveis nos estados do Amazonas, Pará e Rondônia, impulsionado, assim, a sociobioeconomia amazônica. Com respeito às práticas já realizadas nos territórios e pensando estratégias adaptadas para lidar, a partir da realidade de cada local, com o atual contexto ambiental e climático do país. Tudo isso acontece junto às 18 organizações socioprodutivas parceiras.
O conhecimento é transformador e a conscientização para questões ligadas à sustentabilidade exigem, também, a sensibilização, relembra a coordenadora de Capacitação, Melissa Curi. “A gente entende que existe a necessidade de sensibilizar aquele público para ele entender qual o reflexo de ações que não são sustentáveis no território onde vivem. E como isso impacta a vida cotidiana das pessoas, o que cada um pode fazer, qual o risco concreto das mudanças climáticas, para que de fato exista uma mudança de paradigma, uma mudança de valores e de comportamento”, contextualiza.
“Tudo isso para que, de fato, possamos implementar o desenvolvimento sustentável”, complementa.
Aberto a todos os públicos, o Programa de Capacitação no Projeto também conta com o curso de Ensino a Distância (EAD) Introdutório em Mudanças Climáticas e Cadeias Produtivas Sustentáveis na Amazônia. As principais temáticas abordadas nas aulas são: mudanças climáticas, agricultura de baixa emissão de carbono, conservação e produção e fortalecimento de organizações socioprodutivas e cadeias produtivas sustentáveis no bioma. As aulas são inteiramente online e podem ser acessadas em qualquer lugar com internet.
Saiba mais sobre o Programa de Capacitação do PRS – Amazônia! Acesse: Ações de Capacitação | PRS – Amazônia
Projeto Rural Sustentável – Cerrado (2019-presente)
Atualmente em sua 3ª edição, o Mestrado Profissional Mudanças Climáticas e Agropecuária de Baixa Emissão de Carbono do Projeto Rural Sustentável – Cerrado vem mostrando a importância de aproximar a produção científica das vivências no campo. Em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), cerca de 70 estudantes participaram das edições do Mestrado, onde tiveram — e ainda têm, nas turmas em curso — a oportunidade de discutir a mitigação dos gases de efeito estufa, estratégias para redução do desmatamento e práticas produtivas sustentáveis e de baixa emissão de carbono.
Para Márvio Abreu, professor e coordenador da Universidade Federal de Lavras (UFLA) no Programa de pós-graduação em Ciências e Tecnologia da Produção Animal do Mestrado Profissional, os assuntos relacionados à sustentabilidade precisam ser discutidos cada vez mais e com maior profundidade e responsabilidade. Essa postura está diretamente ligada ao compromisso de “garantir os recursos atuais para as gerações futuras”.
“E é através da capacitação, aumentando o número de atores envolvidos e que possam levar esses conceitos de sustentabilidade, que, cada vez mais, nós teremos sucesso”, complementa o professor. Uma das ferramentas para expandir essa conscientização sobre sustentabilidade no campo, meio ambiente e mudanças climáticas é adaptar a linguagem aos produtores. “É preciso facilitar nossa forma de nos comunicar com esses atores importantes, criando mecanismos mais frequentes de divulgação dos conhecimentos, cursos, palestras e visitas técnicas. Fomentando, também, a participação dos mesmos e [aumentando] o alcance de conhecimentos gerados para esse tema tão importante que é a sustentabilidade ambiental”, explica.
Mestre pela 1ª Edição do Mestrado Profissional, Ana Carla Vidotti conta que a experiência foi muito enriquecedora, tanto pessoal quanto profissionalmente. “Agora, eu tenho uma visão um pouco mais crítica de todo o sistema onde eu estou inserida. Sem dúvida, vou poder auxiliar os produtores com os quais trabalho de uma maneira mais assertiva, sabendo buscar respostas complexas e que possam ser aplicadas na vivência deles, no campo”, complementa.
As atividades nas quais Ana Carla Vidotti esteve envolvida junto ao Projeto Rural Sustentável – Cerrado e o conhecido construído em conjunto fazem parte de um legado. “Os dois Projetos — na Amazônia e no Cerrado — têm as capacitações como [parte] fundamental. A Capacitação é muito estruturante tanto para os projetos como para os “pós-projetos”. São as capacitações, são os conhecimentos adquiridos, a sensibilização que a gente promove nessas pessoas a partir das capacitações, que vão deixar um legado no projeto”, Melissa Curi retoma. E que vão continuar construindo uma transformação no mundo rural.
Junto às pesquisas científicas e debates, as trocas de conhecimento e de saberes são fundamentais para promover sustentabilidade, produtividade e inclusão no Cerrado. Produto dessas reflexões, o Projeto lançou, em agosto, o livro “Inovações Rurais no Cerrado: Pesquisas para a prática sustentável”, símbolo do encerramento das ações de pesquisa na região. O livro apresenta 35 estudos, conduzidos por mais de 30 instituições durante aproximadamente dois anos.
Assim como o livro Inovações Rurais no Cerrado, o livreto com as publicações técnicas e acadêmicas do Mestrado Profissional também já está disponível. Você também pode saber mais sobre o Programa de Capacitação do Projeto aqui.
Curtiu a matéria? Conheça a atuação do Projeto Rural Sustentável – Mata Atlântica e Amazônia (2012-2019) e do Projeto Rural Sustentável – Caatinga (2019-2023)