Estudantes do Mestrado Profissional do PRS – Cerrado em aula na UFLA

Alunos(as) participam da primeira aula presencial na Universidade de Lavras (UFLA), em Minas Gerais

Entre os dias 25 e 29 de abril, estudantes do Mestrado Profissional em Mudanças Climáticas e Agropecuária de Baixa Emissão de Carbono, pós-graduação do Projeto Rural Sustentável – Cerrado em parceria com a UFLA, participaram das primeiras atividades presenciais na universidade, localizada na cidade de Lavras (MG). Esta é a primeira de uma série de atividades presenciais programadas para a formação. O Mestrado teve início no dia 15 de em março, em formato híbrido, e tem duração de 18 meses – em sua primeira turma, conta com 26 estudantes, entre profissionais, técnicos(as), produtores(as) e gestores(as) públicos(as) que atuam no meio rural ou em áreas afins.

Para promover a integração dos discentes, a equipe de Capacitação foi recebida na UFLA pelo reitor da universidade, professor João Chrysóstomo de Resende Júnior; o vice-reitor, professor Valter Carvalho de Andrade Júnior; e a chefe de gabinete, Cinthia Divino Bustamante Murad. Participaram do encontro a Coordenadora de Capacitação do PRS-Cerrado, Melissa Curi; a gerente do Mestrado do PRS – Cerrado, Raquel Caribé; a assessora da Capacitação, Sarita Evangelista, além dos professores Thiago Assis, Viviane Santos e Ana Luiza Campos, do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão (PPGDE), que, junto com o Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia da Produção Animal (PPGCTPA), são parceiros do curso.

Próximos encontros

O mestrado profissional é um curso híbrido e modular, com aulas remotas e presenciais. Os próximos encontros estão previstos para acontecer em polos nos quatro estados atendidos pelo projeto: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.


Dia Nacional da Caatinga: “Produzir para conservar. Conservar para produzir”

Convidados especiais enriqueceram o debate com reflexões sobre o processo histórico e o futuro do bioma

Com o tema “Produzir para conservar. Conservar para produzir”, o PRS-Caatinga, que compõe o Programa Rural Sustentável, promoveu no Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril, um debate online sobre atividades que historicamente foram entendidas como oponentes: produzir e conservar. No entanto, na realidade são ações complementares, e se articuladas em conjunto, podem ser muito produtivas, atendendo às necessidades da região e das gerações futuras.

Além da participação de lideranças do Projeto, levaram ao evento reflexões sobre o processo histórico e o futuro da Caatinga os convidados José Carlos Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente, e Bráulio Ferreira de Souza Dias, ex-secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). O debate foi transmitido pela TV Caatinga.

– No Brasil criou-se uma falsa contradição entre ruralistas e ambientalistas, como se fossem questões antagônicas. Como se não fosse possível produzir conservando e conservar produzindo. No nosso processo histórico, a ocupação territorial se deu com supressão da cobertura vegetal. Então, no fulcro de todas as questões que o Brasil discute ainda hoje em relação à conservação florestal, estão relacionadas sobretudo às práticas predatórias de uso da terra, que vêm da Colonização, passaram pelo Império e entraram na República -, detalhou Carvalho.

Com os pés na perspectiva histórica, Carvalho também direcionou o olhar para o futuro afirmando que o desafio agora é criar políticas públicas que desenvolvam oportunidades para uso sustentável das florestas. “Temos na Caatinga o maior potencial de regeneração natural. Seria o bioma mais fácil para se praticar a sustentabilidade. Mas a visão de comando e controle impede de autorizar projetos de manejo na Caatinga. Temos ciência, temos tecnologia, não podemos continuar em um modelo que cria barreiras”, disparou o especialista.

“O Brasil nunca teve uma política de desenvolvimento florestal”

O especialista Bráulio Ferreira, um dos autores do livro “Estratégias de adaptação às mudanças do clima dos sistemas agropecuários brasileiros”, complementou a crítica de Carvalho dizendo que “o Brasil nunca teve uma política de desenvolvimento florestal”. Segundo Ferreira, a tradição pelo modelo ‘comando, controle e proibição’ vigora até os dias de hoje, enquanto deveriam ser criados incentivos para a exploração sustentável dos recursos naturais. E ainda acrescentou:

– Estamos na Década de Restauração de Ecossistemas, da ONU. Os recursos naturais da Caatinga devem ser vistos como uma solução. A sua regeneração é benéfica porque aumenta a retenção de água, melhorando o clima local. Não nos falta informação científica, mas programas públicos para incentivar o uso das tecnologias. Precisamos nos atentar, pois a Caatinga tem um potencial muito grande, mas também riscos muito grandes. Os impactos ambientais na Caatinga vão ocasionar riscos sociais e econômicos imensos -, alertou.

Agricultor familiar é parte da solução das questões climáticas

O debate teve mediação do coordenador regional do PRS-Caatinga, Francisco Campello, que chamou atenção sobre o papel do agricultor familiar; e do diretor Pedro Leitão, que falou sobre as estratégias para fomentar a adoção de Tecnologias Agrícolas de Baixo Carbono (TecABC) no semiárido. Leitão citou o Programa de Capacitação, realizado pelo Projeto em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), e o apoio para fortalecimento de 20 Arranjos Produtivos Locais Sustentáveis em cinco estados do Nordeste.

– O PRS-Caatinga está promovendo um diálogo entre as tecnologias sociais de convivência com o semiárido e as tecnologias agrícolas de baixo carbono. Existem muitas oportunidades nesse campo, como o pagamento por serviços ambientais, por carbono evitado. É um mercado em potencial. Não se quer uma visão da Caatinga triste e estereotipada, mas uma visão realista, pois tem problemas, mas também há soluções. E temos uma resposta muito positiva das populações quanto ao que estamos desenvolvendo nos estados -, disse Leitão enfatizando que o próximo nível de diálogo será entre as TecABC e a bioeconomia ou economia ecológica.

Sobre o Programa Rural Sustentável

Presente em 252 municípios brasileiros, cerca de 21% do território brasileiro, somos financiados pela Cooperação Técnica aprovada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com recursos do Financiamento Internacional para o Clima (ICF) do Governo do Reino Unido, tendo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como beneficiário institucional. Atuamos nos biomas Cerrado e Amazônia, executado e administrado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), e no bioma Caatinga, executado e administrado pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). Na primeira fase do Programa, desenvolvemos trabalhos nos biomas Amazônia e Mata Atlântica.

 

* Texto publicado originalmente pelo PRS - Caatinga